sábado, 4 de agosto de 2007

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Sempre ele, Carlos Drummond de Andrade.

4 comentários:

Guilherme Odri disse...

ok, tem coisa que passa por cima... haha!

muito bonito...

:*
:(|)

Anônimo disse...

Nossa....axo q esse tal de Drumond eh bom mesmo

por aki vo aprende td q eu deveria ter lido pro vestibular



bjaooo Biiaaaaaaa

Unknown disse...

tic tac!

hora de atualizar!

alias, minto! hora de estudar! vá já estudar boca!

Anônimo disse...

Bia! É a Pati, do Caíque(depois não vai mais ser assim, tá! vai ser amiga de faculdade) Acabei de descobrir seu blog pelo orkut! eu sempre tento abrir um mas nunca dá certo! vou entrar sempre aqui então...
até mais! Beijo